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sábado, 20 de dezembro de 2025

O que começou com um olhar singelo

vira constelação:

quanto mais tento apontar,

mais estrelas escapam.


As sensações são tantas,

que quando tento alinhar,

elas escorrem pelos intervalos.

Então escolho o Indizível:

essa língua sem alfabeto,

essa gramática sem letras,

que o corpo entende.


Borboletas inquietas

tecem no ventre uma dança de vento;

e, ao mesmo tempo,

os pés firmes assinam o chão.


E, diante disso, caminho atenta

como quem segura um copo cheio 

sem derramar o que treme.


Há em mim um silêncio

que acolhe o barulho do coração,

e ainda assim,

uma parte insiste em descalçar o mundo,

tirar os pés do chão,

fazer do instante jardim.


A vontade se apresenta 

como maré sob lua cheia.


Eu não sei nomear.

E talvez nem queira:

há coisas que, quando nomeadas,

viram apenas som.


Então eu fico:

dando espaço para o sentir

como quem abre a janela

e não pergunta ao vento

para onde ele vai.


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